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Como lidar com a pressão para "voltar ao normal"

  • Foto do escritor: Victória Garcia
    Victória Garcia
  • 6 de fev.
  • 3 min de leitura

Quando atravessamos o luto, é comum enfrentarmos não apenas a dor da perda, mas também as expectativas da sociedade para que "voltemos ao normal". Esse tipo de pressão pode se manifestar em frases como "Você precisa ser forte", "A vida continua" ou "Já é hora de seguir em frente". Embora essas intenções muitas vezes venham carregadas de boas intenções, elas podem criar um peso emocional adicional para quem já está enfrentando uma jornada tão desafiadora.



Dedos apontando para mulher
Dedos apontando para mulher

O impacto das expectativas sociais

A sociedade costuma ter uma relação complicada com o luto. Vivemos em um ritmo acelerado, onde há pouco espaço para a introspecção e a tristeza. Muitas vezes, a dor alheia é vista como desconfortável ou inconveniente. Isso pode levar ao isolamento dos enlutados, que sentem que precisam esconder seus sentimentos para evitar julgamentos.

Porém, o luto é um processo único e pessoal. Ele não segue um cronograma predefinido e não pode ser apressado. Forçar-se a atender às expectativas externas pode dificultar ainda mais a vivência do luto e o desenvolvimento de uma relação mais saudável com a perda.


Dê espaço ao seu processo

Uma das formas de superar a pressão social é dar a si mesmo a permissão para viver o luto em seus próprios termos. Isso significa reconhecer seus sentimentos sem culpa ou vergonha. Chorar, sentir raiva, saudade ou apatia são reações normais e fazem parte do processo de ajustamento à nova realidade.

Se possível, estabeleça limites com aqueles que tentam impor sua visão de "normalidade". Pode ser útil responder com algo como: "Agradeço sua preocupação, mas estou vivendo isso no meu tempo". Não há problema em comunicar suas necessidades e lembrar que você não deve satisfação a ninguém sobre como processa sua dor.


Encontre sua rede de apoio

Embora algumas pessoas possam ter dificuldade em compreender sua experiência, outras estarão dispostas a oferecer suporte genuíno. Procure amigos, familiares ou grupos que respeitem seu ritmo e validem seus sentimentos. Grupos de apoio ao luto, sejam presenciais ou virtuais, podem ser especialmente valiosos, pois reúnem pessoas que já passaram ou estão passando por experiências similares.


Borboleta pousada em dedo
Borboleta pousada em dedo

Reconheça as armadilhas do "retorno ao normal"

É comum ouvir que o luto tem "fases" ou um ponto final. No entanto, o luto não é algo a ser superado, mas vivido. A pressão para "voltar ao normal" pode criar uma ilusão de que há algo errado em não se sentir da mesma forma que antes da perda.

A verdade é que o luto transforma quem somos. Em vez de tentar voltar ao que era antes, é mais realista e saudável buscar integrar a perda à sua história. Isso pode envolver aprender a conviver com a saudade, cultivar memórias que confortam e construir novos significados para a vida.


Pratique o autocuidado

Priorizar o autocuidado é fundamental durante o luto, especialmente diante das pressões externas. Reserve momentos para descansar, refletir e cuidar de seu bem-estar físico e emocional. Práticas como meditação, caminhada ao ar livre ou até mesmo pequenos rituais diários podem ajudar a fortalecer sua resiliência.


Busque ajuda profissional, se necessário

Se as cobranças externas ou internas se tornarem avassaladoras, considere buscar o apoio de uma psicóloga especializada. Uma profissional pode ajudar você a explorar seus sentimentos em um espaço seguro e sem julgamento, oferecendo ferramentas para lidar com as demandas sociais e emocionais do luto.


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Superar a pressão para "voltar ao normal" exige coragem e autocompaixão. Permita-se viver o luto no seu ritmo e encontre formas de honrar sua experiência sem ceder às expectativas externas. Lembre-se: o luto é um processo humano e profundamente pessoal, e não há maneira certa ou errada de vivê-lo.





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